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Juan Marcus e Vinícius, a dupla que já escreveu mais de 400 músicas para ídolos do sertanejo

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Naquele ano, Vinícius ainda formava dupla com uma cantora e tinha um show agendado, mas a parceira desistiu da carreira musical. Juan Marcus, então, aceitou o convite do cantor para cobrir o espaço na apresentação.

Depois do show inicial, outros convites vieram. “Aí a gente decidiu: ‘Então vamos fazer a dupla mesmo. Tá dando certo. A galera tá gostando’. E é isso”, resume Vinícius ao contar, ao g1, como a dupla se formou.

Juan Marcus e Vinícius não se separaram mais. E nesses 12 anos, os cantores deixaram Brasília, onde nasceram, e seguiram para Goiânia juntos, seis anos atrás. Por lá, fizeram amizades e parcerias com vários artistas sertanejos, e acabam de lançar o segundo álbum do projeto “Da Nossa Moda”.

Ainda nesse meio tempo, em um período em que ficaram sem investidores e empresário, fizeram uma pausa de cerca de dois anos para se dedicar às composições. O processo rendeu bons frutos.

Juan Marcus e Vinicius — Foto: Reprodução/Instagram

Juan Marcus e Vinícius já tiveram pelo menos 12 faixas gravadas por Zé Neto e Cristiano, três por Gusttavo Lima, duas por Simone e Simaria e duas por Marília Mendonça.

Israel e Rodolffo, Xand Avião e Pixote também estão entre os artistas que já gravaram algumas das 400 faixas da dupla já interpretadas por outros cantores. Entre as canções mais bem-sucedidas em outras vozes estão “Regime Fechado” e “Status que eu não queria”.

Essa segunda rendeu uma “bronca” de Marília Mendonça na dupla e nos outros compositores da faixa, incluindo Juliano Tchula, o maior parceiro de composições da cantora.

“Depois que eles [Zé Neto e Cristiano] pegaram a música, e que a Marília ouviu e descobriu que era do Tchula também, ela deu um puxão de orelha. Falou: ‘Cara, como que vocês fazem uma música dessa e não manda a música para mim? Eu gravaria essa música.”

No bate-papo com o g1, eles também falaram sobre:

  • o processo de composição da dupla;
  • como funciona a composição em grupo, bastante comum em Goiânia;
  • o impacto do fim da dupla Simone e Simaria no mercado de compositores;
  • relembraram da faixa que reservaram para trabalho próprio, mas que acabou sendo gravada por Zé Neto e Cristiano;
  • e opinaram sobre o aceno do Rock in Rio para o sertanejo.

Juan Marcus & Vinícius se apresentam no Palco Amanhecer em Barretos — Foto: Marcel Bianchi/Divulgação

g1 – Sei que vocês estão juntos enquanto dupla desde a adolescência, mas como que foi esse encontro?
Vinícius –
A gente começou em 2010. Eu conheci o Juan na escola. E tanto eu quanto o Juan, a gente já tinha tido outras formações de dupla. O Juan chegou a cantar com o irmão dele. E eu cantava com uma menina chamada Sabrina.

Passou um ano de dupla e ela não quis mais seguir a carreira de cantora, mas eu já tava com um show marcado para fazer. Aí eu fui e fiz o convite para ele, a princípio, para fazer esse show. A ideia ainda não era montar dupla, mas aí surgiram vários convites, né? Temos fãs até hoje que estavam nesse primeiro show.

Juan Marcus – E o primeiro show a galera já recebeu a gente super bem. E aí foram surgindo mais shows mesmo, mesmo a gente não tendo definido que era uma dupla. E aí foi quando a gente decidiu mesmo: “Pô, já que tá dando certo, vamos formar dupla, então”.

g1 – E a Sabrina? Tá arrependida?
Vinícius –
Não. Sabrina está tranquila. Se formou, tá casada, tem filhos já. Acho que ela tá tranquila lá (risos).

g1 – Tem muita dupla que surgiu após a história na composição, mas vocês começaram como dupla, cantando, e aí, depois, viram a necessidade de compor. Como foi esse início na composição?
Vinícius –
Se for somar, eu e o Vinicius, juntos, temos um pouco mais de 400 músicas que já foram gravadas por artistas do Brasil inteiro. Mas que a gente já escreveu, são mais de mil músicas. Eu comecei a compor muito cedo, com 11 para 12 anos. Aí, quando eu conheci o Vinícius, descobri que ele também já escrevia. Então a composição sempre esteve presente no nosso trabalho, na nossa carreira, tanto que desde os primeiros projetos que a gente fez, sempre foram cerca de 90%, 95% tudo autoral.

Só que a gente descobriu que a composição funcionava dessa forma como a gente entende hoje, que tem como vender uma liberação para alguém poder gravar uma música depois que a gente mudou para Goiânia [há 6 anos].

A gente conheceu o Jenner Mello, que é um produtor que já estava inserido nesse meio de venda de música. E aí ele explicou para a gente: ‘eu acho que vocês conseguem se encaixar muito bem nesse processo aí, vocês compõem bem, só falta trazer um pouco mais para o comercial que pode dar certo’. E foi o que aconteceu.

A gente deu uma pausa ali na carreira de artista, ficamos quase uns dois anos sem fazer show, porque a gente estava sem investidor, sem empresário sem poder gravar um projeto. Então a gente deu uma priorizada na questão das composições, que foi o que abriu várias outras portas para gente.

Juan Marcus e Vinicius abriram a segunda noite de show do Ribeirão Rodeo Music 2019, em Ribeirão Preto, SP — Foto: Érico Andrade/G1

g1 – Vocês começaram a compor ainda adolescentes… De onde vinha tanta inspiração para tanta história, tão jovens?
Vinícius –
Quando a gente começou a pegar um ritmo de composição, a mente começou a trabalhar sempre com isso. Então quando a gente vê uma frase que chama atenção, a gente já vai e salva no nosso bloco de notas. Nosso bloco de notas e, acho, que da maioria dos compositores, tem um monte de palavras soltas, ou então frases.

A gente salva para na hora que tiver oportunidade de compor ou sozinho com alguém a gente desenrolar aquela ideia, aquela frase, para ver para que história que ela vai. Muitas vezes, algumas pessoas que não são compositores percebem algumas frases dessas, porém como não tão habituados a compor e nem trabalham disso, acaba passando.

g1 – Entre as músicas que vocês compuseram, estão muitas que estão nas vozes de outros artistas. Tem “Regime fechado”, com Simone e Simaria, “Status que eu não queria”, com Zé Neto e Cristiano… dessas que mais estouraram na voz de outros artistas, vocês chegaram a cogitar, em algum momento, de vocês as gravarem, ou elas já tinham destino certo?
Juan Marcus –
Na verdade, quando a gente está compondo, quase nenhuma têm destino. A gente sempre deixa meio que solto. Mesmo quando a gente compõe direcionado para algum artista, pode ser que essa música não entre. Pode ser que ele não goste da música.

Às vezes a gente compõe pensando em um artista e vai para outro. Mas sempre no processo de composição, quando a gente termina a música é que a gente vê para quem que a gente vai mandar. E tem algumas, que quando a gente termina, a gente já pensa de imediato assim: “cara, eu acho que essa música é pra gente hein? Essa música é para o nosso projeto”.

Tanto que às vezes outros artistas escutam, aí pedem para gravar a gente não libera, porque a gente já sabe que é para um projeto nosso.

g1 – Já se arrependeram de alguma que não tinha o destino certo, deixaram passar e estourou?
Vinícius –
Arrependimento, não. A maioria das músicas que a gente fez, a gente quis mesmo passar, porque aquelas que a gente acaba de fazer e já sente ela na hora, aí a gente segura. Tanto que a música “Alguns defeitos”, a gente nunca chegou a mostrar para ninguém. E ela é uma das músicas da gente que mais toca, acho que é a preferida dos fãs.

Só teve uma que a gente ia gravar, mas aí o Zé Neto e Cristiano pediram pra gravar, que foi a “Um ano de noivado”. Ela foi uma das que a gente apresentou para eles, não para vender, mas para dizer que era nossa próxima música de trabalho.

E aí depois ele gostou muito da música, pediu para gente, e a gente, na época, precisando ainda se manter em Goiânia, contas para pagar, liberamos. Fora que para a gente, também, é sempre um prazer. Ainda mais uma dupla do tamanho do Zé Neto e Cristiano.

g1 – Vocês compuseram “Regime fechado”, sucesso de Simone e Simaria. O fim da dupla respinga em vocês, de alguma forma, pensando nos direitos autorais da música?
Vinícius –
O fato de ter acabado a dupla, querendo ou não, prejudica todo o mercado dos compositores. Porque, por mais que a Simone dê continuidade na carreira, tem algumas músicas que talvez ela talvez não continue cantando no show.

Eu não sei como é que fica o processo ali, mas esse tempo que elas ficaram paradas sem fazer show é um é um período que deixa de arrecadar. Deixa de arrecadar no rádio, às vezes até na TV por sincronização.

A Simone já deixou bem claro que vai dar continuidade na carreira, então eu creio que a “Regime fechado”, as músicas que foram de maior sucesso delas, devem continuar com a Simone. Não sei como que a Simaria vem depois também, talvez ela venha com um projeto. Aí provavelmente melhore, até porque serão duas artistas, duas cantoras a nível nacional, cantando quase que o mesmo repertório do que já foi sucesso para elas.

Juan Marcus e Vinicius — Foto: Divulgação

g1 – Estava lendo algumas matérias sobre o “puxão de orelha” que a Marília Mendonça deu em vocês por causa da música “Status que eu não queria”, que foi gravada por Zé Neto e Cristiano. Vocês podem contar essa história?
Juan Marcus –
Então… Quando a gente terminou de compor a música “Status que eu não queria”, — eu, o Vinícius o Juliano Tchula, que era um dos principais compositores do projeto da Marília, o Emerson Coelho e o meu irmão, Natanael Silva –, a gente tinha dois artistas para poder mandar: um era o Zé Neto e Cristiano, que eram padrinhos da gente de carreira, e a Marília, que era do projeto do Tchula.

Aí o Tchula falou: “Cara, eu acho que essa música não é a cara da Marília”. Então eu falei: “Então vou mandar para o Zé Neto e Cristiano”. Quando mandei, foi de imediato. O Zé Neto respondeu: “Pode segurar que essa música é nossa”.

Aí depois que eles pegaram a música, e que a Marília ouviu e descobriu que era do Tchula também, ela deu um puxão de orelha. Falou: “Cara, como que vocês fazem uma música dessa e não manda a música para mim? Eu gravaria essa música. Por que não mandaram para mim?”. Então rolou realmente esse puxão de orelha aí.

g1 – E ela gravou duas de vocês, né? [“Intenção”, em parceria com Gaab, e “Obrigado por estragar tudo”). Chegou mais alguma composição de vocês nas mãos dela?
Juan Marcus –
Chegou bastante coisa. A Marília sempre foi uma parceira muito grande de todos os compositores. Ela conhecia o nosso trabalho, acompanhava, sabia cantar várias músicas da gente, e a gente sempre teve essa abertura com ela de mandar músicas. Ela ouviu várias coisas, colocou voz em várias outras músicas também que não chegaram a ser gravadas.

G1 – Vocês já falaram sobre o processo de composição de vocês, mas acham que qualquer pessoa pode compor?
Juan Marcus –
É meio complicado. Pode até compor. Mas compor de forma que ela funcione pro mercado? Porque tem todo um processo de construção de uma música. Não é simplesmente só escrever. Tem a questão da letra, da melodia, da harmonia, métrica, o deslocamento de frase, e pela liberdade, a licença poética que a gente tem, a gente desacentua uma parte da palavra, acentua uma outra que não pode…Tem toda essa questão desse raciocínio para deixar uma música o mais comercial possível, o mais entendível possível.

Compor é o mesmo que escrever uma redação, só que com melodia. É uma história que tem que ser contada, tem que ter início, meio e fim. Então eu acho que isso é o básico para pelo menos a pessoa entender o que é uma composição.

Vinícius – E não necessariamente também tem que ser [composta por] músicos. Eu conheço vários compositores. Eles talvez não consigam concluir uma música sozinhos, mas tem bastante ideia, por exemplo, de letra. Tem compositor que é mais para o lado letrista, tem compositor que só faz mais melodia, não é tão bom assim no papo. Por isso que lá em Goiânia rola muito essa de compor em grupo, tem um compositor geralmente manda mais a melodia, outro letra, outro é o da venda, que tem bastante contato…

g1 – Legal isso que você falou de composição em grupo, porque às vezes a gente vê lá seis, sete nomes numa composição, e pensa: “Pô, alguém ali só falou uma palavra”…
Vinícius –
A galera assimila muito isso mesmo de que a composição é somente o que tá ali. Mas talvez, para eu falar uma ideia, uma pessoa tem que ter falado outra coisa antes para vir aquilo. E a gente tem que ter debatido aquele assunto para dar uma luz na minha cabeça. Então não é só o que entrou ali que faz parte da composição, mas todo aquele momento que a gente troca ideia, que a gente vê de que forma vai falar ali. Automaticamente, já tá todo mundo participando, mas não necessariamente a frase que ele colocou está ali.

Juan Marcus e Vinicius — Foto: Divulgação

g1 – Não sei se vocês chegaram a ver que o criador do Rock in Rio cogitou colocar a música sertaneja na próxima edição do Festival. O que que vocês acham sobre isso? E já sonharam em tocar no evento?
Juan Marcus –
Cara, pior que é uma pergunta meio complicada, porque, por mais que a gente tenha, lógico, uma vontade absurda de estar lá no Rock in Rio, eu não sei se são duas coisas que dá para misturar.

A gente sabe que o público que consome música sertaneja, muitos vieram do rock, tiveram banda de rock. Agora eu não sei se a galera que consome o rock saiu do sertanejo, entendeu?

A gente não sabe como que vai ser a aceitação do público, ou se vai ter público num evento desse, que é 100% voltado para o rock. Se o Rock in Rio se propôs a fazer isso é porque alguma coisa deve ter mudado de forma muito grande, e se for uma coisa que eles acham que soma para o Rock in Rio, não tem muito o que fazer.

Eu e o Vinícius, pelo fato de sermos de Brasília, a gente sempre consumiu rock de uma forma muito grande assim, tivemos bandas de rock. Sempre ouvi rock, tanto nacional quanto internacional. Escuto até hoje, tenho as minhas bandas preferidas. Então acho que, de qualquer forma, como público ou como artista, seria um privilégio estar ali no Rock in Rio.

g1 – E quem são os ídolos e referências de vocês na música, seja no rock ou no sertanejo?
Vinícius –
Quando a gente começou a dupla, as duplas que influenciaram a gente pro tipo de repertório, de linha dentro do sertanejo que a gente queria seguir, era o Jorge e Mateus, João Bosco e Vinícius… O César Menotti e Fabiano, já tem um pouco assim do modão ainda, mas foi quem praticamente também começou sertanejo universitário, né? Victor e Leo também. Aquele repertório deles de “Fada”, “Amigo Apaixonado”, também marcou uma fase da música.

Mas como o Juan falou, a gente ouve de tudo. Na minha adolescência, como já tive banda de rock, gostava muito de Simple Plan. Usava até aqui uma munhequeira para ir para a escola.

Juan Marcus – Da música sertaneja, a minha dupla de maior referência sempre foi o Jorge e Mateus, por conta de postura, da forma como eles levam a carreira, do repertório. Mas fora de sertanejo, eu sempre fui muito fã do Simple Plan e de todas aquelas bandas daquela época, Green Day, Audioslave, Nickelback, Creed. Todas essas bandas eu consumi muito e ainda consumo. Avril Lavigne escutei muito, de forma bizarra mesmo.

Mas Simple Plan sempre foi uma banda que eu curti pra caramba, né? E eu via ali os clipes e tal, me imaginava: “nossa, um dia eu quero gravar uma coisa assim, clipe em cima do telhado, chuva”.


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Fonte: G1


14/10/2022 – Web Rádio TOP

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