NOTÍCIAS


Paralisia infantil: entenda os riscos de não vacinar as crianças Brasil vive alto risco de reintrodução da poliomielite após mais de 30 anos, mas campanha de vacinação contra a doença segue com baixa adesão

Especialistas alertam para o risco de casos de poliomielite voltarem a ser registrados no Brasil, depois de mais de 30 anos, preocupação já levantada pela OMS (Organização Mundial da Saúde). Diante de monitoramento de casos que estão surgindo no mundo e do cenário atual do país, a entidade colocou o Brasil entre os países com alto risco para reintrodução da doença.

“Além da cobertura vacinal, a vigilância do vírus no meio ambiente, que não é feita adequadamente, e a investigação dos casos de paralisia aguda em crianças flácidas influenciaram na decisão”, afirma o presidente do Departamento de Imunizações da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria), Renato Kfouri.

Para incentivar a vacinação, no início do mês, a Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite e Multivacinação de 2022 foi prorrogada até a próxima sexta-feira (30). Até o momento, 50% das crianças na faixa etária de um ano a menores de cinco anos de idade convocadas para uma dose extra ou para completar o esquema vacinal ainda não compareceram na campanha contra a pólio.

“O Brasil está sendo considerado como um país de alto risco de retorno de uma doença totalmente evitável por vacina. Um dos fatores importantes que nos coloca em risco é exatamente a baixa cobertura vacinal”, afirma Juarez Cunha, pediatra e presidente da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações).

Embora o Brasil tenha recebido o certificado de eliminação da doença em 1994, a baixa adesão faz o PNI (Programa Nacional de Imunizações) alertar sobre a importância e o benefício da vacinação, para evitar a reintrodução do vírus da poliomielite no país. Atualmente, menos de 70% das crianças até um ano estão com a vacinação de rotina em dia.

“A criança não precisa ser vacinada contra a poliomielite no mês da campanha, mas aos dois, quatro e seis meses. E os reforços aos 15 meses e 4 anos. Essa é a vacinação de rotina que estamos com 69,9%, menos de 70%, das crianças vacinadas até um ano de idade”, afirma Kfouri.

Conforme o Ministério da Saúde, mais de 14,3 milhões de crianças menores de cinco anos de idade devem receber a vacina contra a doença, sendo que as menores de um ano devem ser imunizadas de acordo com a situação vacinal para o esquema primário.

Já as crianças de um a quatro anos devem tomar uma dose da VOP (Vacina Oral Poliomielite), desde que já tenham recebido as três doses de VIP (Vacina Inativada Poliomielite) do esquema básico. O objetivo é alcançar uma cobertura vacinal igual ou maior que 95%.

“Ter pouco menos de 70% de cobertura na rotina e em uma campanha contra a poliomielite – que é para recuperar o atraso – aparecem somente 50% das crianças são dados que mostram que o país não está bem”, disse Kfouri.

Como incentivar os pais sobre a importância da vacina?

Segundo Juarez Cunha, é preciso alertar a população sobre a importância da vacinação em dia para combater uma doença já eliminada no Brasil.

“Tivemos o último caso em 1989, mas a doença pode voltar, assim como acontece em outros países do mundo. A forma de se evitar isso é por meio da vacinação”, afirma Cunha.

Para o presidente da SBIm, uma das formas de se incentivar a população é trazendo de volta os riscos da doença.

“As pessoas têm uma falsa sensação de segurança de que não precisam mais vacinar contra a poliomielite, já que não temos casos da doença no Brasil há mais de 30 anos, mas o vírus pode voltar. Temos que ressaltar essa parte de riscos, assim como a segurança e eficácia da vacina que controlou e eliminou a doença em nosso país. Não podemos deixar a doença voltar”, acrescenta ele.

Clarissa Morais Busatto Gerhardt, membro de Departamento Científico de Imunizações da Asbai (Associação Brasileira de Alergia e Imunologia), também defende que seja iniciada uma abordagem com familiares das crianças.

“Perguntando aos pais se receberam todas as vacinas na infância e o quanto seus parentes foram cuidadosos com eles, prevenindo-os de pegar doenças fatais e chegando até a fase adulta, é um bom início de conscientização. Muitos deixam de perceber a importância da vacina porque não observarmos mais algumas doenças circulando em nosso meio”, avalia ela.

A vacina é segura?

O Ministério da Saúde reforça que todos os imunizantes que integram o PNI são seguros e estão aprovados pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

As crianças devem tomar quantas doses da vacina contra a poliomielite?

As primeiras três doses como injeções (vacina inativada) – dois meses, quatro meses e seis meses de idade. E duas doses de reforço com gotinhas – uma aos 15 meses (um ano e três meses) e outra aos quatro anos de idade.

Durante a campanha, estão sendo administradas doses em crianças com vacinas em atraso. Cunha alerta, no entanto, que não podem receber gotinhas as crianças que não estão com as três doses da vacina inativada (injetável) em dia.

As crianças que não tomaram as injeções entre dois e seis meses devem ir e atualizar todo o esquema vacinal contra a doença?

“As crianças em atraso devem atualizar o esquema vacinal. Mesmo que tenham passado da idade de receberem as três doses inativadas, devem colocar em dia o esquema de vacinação das injeções, antes de receberem as doses de gotinha”, explica o presidente da SBIm.




26/09/2022 – Web Rádio TOP

COMPARTILHE

@WEBRADIOTOPWM

(14) 98134-9663

[email protected]
Copyright © Web Rádio TOP – WMVOZ